
Germinadora de Arte Argyridis
Arte como campo fértil de criação e conexão
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Link para a convocatória da próxima exposição - Sítio Onírico
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A Germinadora de Arte Argyridis é uma iniciativa independente que propõe formas mais livres, coletivas e acessíveis de fazer arte. Criada por Isabella Lescure em 2021, teve sua primeira ação na Casa da Pau-Brasil (atualmente Programa Pororoca), em São Paulo.
Desde então, a Germinadora atua como um campo de cultivo sensível e político, promovendo exposições, residências e ações colaborativas que desafiam as estruturas excludentes do circuito tradicional de arte.
A Germinadora nasceu como um gesto de partilha, subversão e escuta. Em vez de reproduzir a lógica dos editais e da validação institucional, oferece uma plataforma relacional e experimental, onde artistas não são concorrentes, mas possíveis interlocutores.
A proposta da Germinadora é descristalizar — desfazer rigidez, abrir espaço para encontros autênticos e processos artísticos orgânicos. Ela se apresenta como um ecossistema afetivo, onde a arte nasce da partilha, da escuta e da invenção cotidiana.
Residência dentro da Residência (2021)
Casa da Pau-Brasil / Programa Pororoca — São Paulo
A primeira ação da Germinadora de Arte Argyridis aconteceu em 2021, dentro da residência artística que Isabella Lescure participava na Casa da Pau-Brasil (atualmente Programa Pororoca), em São Paulo. A proposta era simples e radical: abrir uma chamada pública para receber um artista convidado — formando, assim, uma residência dentro da residência.
O artista selecionado passou a integrar o espaço junto às duas artistas residentes, compartilhando tempo, ateliê e refeições. A ação era movida pelo desejo de descristalizar o sistema da arte, desfazendo hierarquias e cultivando a criação como prática cotidiana e relacional.
“Outrxs artistas não são concorrentes — são cooperações em potencial.” — do texto de convocatória
A Germinadora surgiu, desde então, como um ecossistema de troca, onde práticas, vivências e afetos se entrelaçam. A mostra final foi organizada pelas coordenadoras do Pororoca, com participação de todos os residentes. A bolsa concedida ao artista convidado foi viabilizada pela venda de uma obra de Isabella — gesto simbólico de autonomia e circulação dentro da própria comunidade artística.
Essa experiência fundadora consolidou o sentido da Germinadora: um espaço fértil de escuta e criação compartilhada.
Sindicato de Artistas (2023)
Massapê Projetos – São Paulo
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Em maio de 2023, a Germinadora de Arte Argyridis realizou o projeto Sindicato de Artistas, abrindo as portas do espaço independente Massapê Projetos, em São Paulo, para uma exposição coletiva que reuniu 125 artistas — todos participantes de uma chamada aberta, sem curadoria nem seleção.
Num domingo de manhã, a fila de inscritos dobrava o quarteirão. Mais de 190 pré-inscrições foram recebidas online. O critério? Levar uma obra que fosse, nas palavras de Isabella Lescure, "um tesão", e a disposição de participar de um espaço onde “o artista não precisa babar o ovo de ninguém”.
A mostra propôs um ambiente de compartilhamento entre artistas, inspirado nos líquens — organismos que vivem da colaboração entre fungos e algas, tema presente na pesquisa artística de Isabella. Juntos, os artistas reuniram 110 kg de alimentos para serem doados.
As obras foram recebidas por colaboradores do projeto e encaminhadas à equipe de montagem. A expografia foi conduzida por Henrique Monteiro, com precisão e sensibilidade: cada trabalho foi integrado ao espaço com atenção às relações poéticas entre as obras. Quando os artistas chegaram, encontraram a exposição já instalada — um corpo coletivo vibrante e coeso.
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“Esse sindicato funciona como um jogo de toques. Joga quem quiser jogar. Não há juízes nem cartolas. Só o desejo de estar junto.”
— Paloma Durante
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“Uma parede é um território. E, quando ocupada coletivamente, ela perde sua hierarquia. Isso também é uma potência.”
— Juliana Pautilla
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“As ramificações se veem afixadas nas paredes com um desejo emanente de saltarem aos olhos do público.”
— João Henrique Andrade Leite
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“O Sindicato contribui para o desenho de um futuro mais acolhedor, onde a arte descentraliza e reconecta.”
— Nadia Guerrero
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A jornalista e crítica de arte Priscila Asche escreveu sobre o projeto com uma leitura potente, afirmando:
“Seres de diferentes espécies que se relacionam em busca de um benefício mútuo. Essa lógica, tão comum na natureza, pode ser aplicada à exposição Sindicato de Artistas.” “O Sindicato é uma obra em si. Não no sentido de ser um objeto com começo, meio e fim, mas por se apresentar como um organismo vivo, uma composição coletiva de corpos, linguagens, práticas e experiências.”
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O Sindicato de Artistas não foi apenas uma exposição — foi um gesto de autonomia, escuta e insurgência poética. Uma resposta ao circuito excludente, uma afirmação de que a arte pode ser floresta: diversa, fértil e feita em conjunto.



























































